Resenha do livro O Mensageiro de Charles Wright (Editora Nova Crítica, 1969)
Quando surgem nos jornais manchetes sobre conflitos raciais ou marchas de protesto dos negros nos Estados Unidos, lutando pela defesa de seus direitos covis, faltam sempre exemplos claros daquilo que a população de cor reivindica.
O Mensageiro é um romance lírico, cômico, trágico na denúncia da falta de perspectivas de um jovem negro sensível, sufocado pela favela de cimento armado em que mora em Nova York, com um emprego que não o satisfaz – e o que é pior: sem as perspectivas de melhoras no futuro que estão reservadas aos colegas brancos de sua idade;
Charles Wright não tem a veemência de James Baldwin ao ameaçar em seus excelentes ensaios Da Próxima Vez, Fogo! Ele não escreve um libelo colérico e político. Seu romance transcende os limites da revolta contra o racismo em si para formular uma pergunta jovem, inquietante, sobre o sentido da própria vida individual, cercada pelos preconceitos e pela agonia de uma geração fossilizada que não quer enterrar seus mitos materialistas, intolerantes e hipócritas.
Charles Wright é um dos melhores escritores negros ou de qualquer cor atuais. Ele ambienta seu romance poético, intenso, sofrido, numa grande metrópole como Nova York mas documenta também o passado rural dos negros vindos do Sul. Tudo com mão de mestre: uma obra-prima de sofisticação, de estilo e de solidão humana.
Reuso
Citação
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author = {Gilson Ribeiro, Leo},
editor = {Rey Puente, Fernando},
title = {Resenha do livro O Mensageiro de Charles Wright (Editora Nova
Crítica, 1969)},
booktitle = {Racismo e literatura negra},
series = {Textos Reunidos de Leo Gilson Ribeiro},
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doi = {10.5281/zenodo.8368806},
langid = {pt-BR},
abstract = {Jornal da Tarde, 1969. Aguardando revisão.}
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