Nota sobre o livro O Olho mais Azul de Toni Morrison
A consagrada novelista negra norte-americana Toni Morrison, a primeira a ganhar o Prêmio Nobel de Literatura, agora em O Olho mais Azul (Companhia das Letras), para muitos leitores brancos norte-americanos e não racistas se ressente, realmente, de uma óptica voltada exclusivamente para a mulher negra. Vilipendiada, sem direitos diante do negro machista, ela logo adquiriu a noção (seria a humilhante certeza?) de que “por serem feias”, as mulheres negras correspondem ao estereótipo de que “os negros são inferiores” intelectualmente, produto de uma genética hierarquizada, criada e mantida pela raça branca, anterior ao black is beautiful. Seviciada sexualmente pelo próprio pai, esmagada em sua infância pela massacrante publicidade dos filmes de Hollywood que só propagam e exploram os cachinhos loiros de Shirley Temple, a garota de ouro (e que trouxe muito ouro para os estúdios de Hollywood), ela sucumbe a seu sonho irrealizável: ser uma criança negra, mas de olhos intensamente azuis.
Este livro, que levou 25 anos para ser publicado e foi recusado por todas as editoras, consigna a frase pungente de Toni Morrison: “Ouvindo línguas ‘civilizadas’ aviltar seres humanos, vendo exorcismos culturais aviltar a literatura, vendo a mim mesma preservada no âmbar de metáforas desqualificativas, posso dizer que meu projeto de narrativa é tão difícil hoje quanto o foi trinta anos atrás”.
Reuso
Citação
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author = {Gilson Ribeiro, Leo},
editor = {Rey Puente, Fernando},
title = {Nota sobre o livro O Olho mais Azul de Toni Morrison},
booktitle = {Racismo e literatura negra},
series = {Textos Reunidos de Leo Gilson Ribeiro},
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date = {2022},
url = {https://www.leogilsonribeiro.com.br/volume-1/3-literatura-norte-americana/07-nota-sobre-o-livro-o-olho-mais-azul-de-toni-morrison.html},
doi = {10.5281/zenodo.8368806},
langid = {pt-BR},
abstract = {Caros Amigos, n.71, 2003/02. Aguardando revisão.}
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