Casais Monteiro

Autor

Leo Gilson Ribeiro

Resumo
Veja, 1972/08/02. Aguardando revisão.

Casais Monteiro (morto aos 64 anos no dia 24 de julho de 1972 em São Paulo quando se preparava para ministrar um curso de Teoria da Literatura na FFLCH da USP)

Adolfo Casais Monteiro foi um pioneiro na divulgação da literatura brasileira em Portugal desde 1935, com seu estudo da poesia de Ribeiro Couto. Continuando essa difusão, focalizou em conferências e ensaios o romance social nordestino (Graciliano Ramos, José Lins do Rego, Rachel de Queiroz) e a poesia de Manuel Bandeira. Viu no romance brasileiro moderno - principalmente no que denominava “realismo lírico” de Jorge Amado - um modelo a ser seguido pelos escritores “neorealistas” portugueses liderados por Alves Redol e Ferreira de Castro.

A espontaneidade da linguagem literária brasileira lhe parecia um modelo a ser seguido para transmitir uma denúncia social sem preciosidades de estilo e com um diálogo já muito próximo da fala diária.

Na sua opinião, o estudo dos escritores do nordeste serviria de “antídoto para o estilo altissonante oco de conteúdo”, pois era uma forma de narrar “enxugada de toda retórica”.

A partir de 1954, escolheu o Brasil como residência definitiva, passando a escrever com frequência em suplementos literários, a publicar livros e a lecionar em faculdades de letras, como a de Araraguara e a da Universidade de São Paulo. Sua atividade crítica foi sumamente importante para o conhecimento da poesia de Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro tanto no Brasil como na França, ressaltando o valor europeu e não só português desses poetas modernistas. Data de 1938 sua excelente introdução em francês, à poética de Fernando Pessoa, apresentação que ampliou em sua edição brasileira de A Poesia da Presença e Estudos sobre a Poesia de Fernando Pessoa, entre 1958 e 1959.

Sem formular propriamente uma “doutrina literária” coerente, Adolfo Casais Monteiro defendia porém, com seu arsenal corajosamente polêmico, uma literatura engajada do ponto de vista político-social, mas que não rebaixasse seu conteúdo estético. Não admitia que se sacrificasse a forma pelo conteúdo.

Scholar europeu, conhecia com grande versatilidade tanto a literatura russa quanto a americana, a francesa como a inglesa, ou a espanhola, notadamente novelistas dos séculos XIX e XX.

Como professor, essa multiplicidade de perspectivas criticas o aproximou, nos últimos anos, do ensino da Teoria da Literatura, com comparações interessantes entre uma escola literária e outra, de pesquisas sobre a influência de escritores de um país em outro.

Sua breve tentativa de criar ficção ficou restrita a Adolescentes (1946), romance menor e que não tem significação permanente na sua obra.

Foi como poeta (Confusão; Poemas do Tempo Incerto; Canto de Nossa Agonia, etc.) que deixou versos de grande contenção emotiva e fluente espontaneidade (“Aos ventos espalhei a cinza dos meus gestos/ Num desprezo de mim, fiz-me poeta”) embora de importância claramente inferior à sua contribuição crítica. Esta, como justamente definia, era uma forma também válida de criação artística.

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Reuso

Citação

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Por favor, cite este trabalho como:
Gilson Ribeiro, Leo. 2022. “Casais Monteiro .” In Redescobrindo Portugal: Perfis e depoimentos de alguns escritores portugueses, edited by Fernando Rey Puente. Vol. 6. Textos Reunidos de Leo Gilson Ribeiro. https://doi.org/10.5281/zenodo.8368806.