Eça de Queirós: cem anos de sua morte

Autor

Leo Gilson Ribeiro

Resumo
Caros Amigos, Outubro de 2000. Aguardando revisão.

Que me seja permitido começar com uma redundância: a suprema literatura foge sempre ao efêmero. Atravessa todas as épocas da humanidade e continua perene como a arte dos gregos antigos, as catedrais góticas, as pinturas de Rembrandt, Goya, Van Gogh e muitos mais. Depois desse pleonasmo podemos celebrar (este e todos os anos) o centenário da imortalidade do supremo romancista português, Eça de Queirós, que faleceu biologicamente e de forma tão prematura, em 1900, com apenas 55 anos de idade.

Eça de Queirós, quando, no futuro, todas as suas obras (bafejadas pela genialidade ímpar no romance português) forem traduzidas para as línguas decisivas de todos os continentes, emergirá então como igual, senão superior, ao próprio Balzac que ele tanto admirava, mas jamais sem copiar o poderoso afresco, a Comédie Humaine. Eça passará a integrar, de pleno direito, o friso escassamente povoado por um Flaubert, um Stendhal um Tolstói, um Dostoievski, um Proust e o sempre esquecido, transcurado Galdós, o maior romancista espanhol. Isso se ficarmos somente no plano europeu é claro, excetuadas a Inglaterra e a Irlanda, caso à parte.

No Rio de Janeiro, a carioca Editora Nova Aguilar imprimiu primorosamente toda a obra do grande escritor e pensador português. A competente e gentil Paula German, divulgadora da editora citada, fez chegar às minhas mãos os belos quatro volumes, de capa dura e sóbrio bom gosto, embora a data da impressão - o que não importa - assinale o ano de 1997.

O primeiro tomo (com 1.713 páginas) abarca O Crime do Padre Amaro, O Primo Basíio, O Mandarim, A Relíquia, Os Maias e O Mistério da Estrada de Sintra. Completam essa primeira parte ensaios eruditos mas sem pedantismos da brasileira Beatriz Berrini, provavelmente a maior conhecedora da vida e obra de Eça de Queirós no mundo. Além de uma justa e comovedora, sucinta homenagem ao eciano, o professor galego Ernesto Guerra da Cal, que compilou uma exaustivamente completa Bibliografia Queirosiana. O segundo volume incui A Correspondência de Fradique Mendes, A Ilustre Casa de Ramires, A Cidade e as Serras, A Capital, O Conde de Abranhos, Alves & Cia., A Tragédia da Rua das Flores, Contos (editados em periódicos) e textos publicados postumamente (completos ou fragmentários). Compõe o terceiro tomo a série de textos de imprensa, prefácios, perfis. O quarto e último contém sua interessantíssima Correspondência. Se não errei ao fazer a conta, somam-se 6.675 páginas deslumbrantes - leitura para toda uma vida.

Infelizmente, o Brasil, fora as exceções, é ainda um país de escasíssima cultura, adornada por uma ignorante arrogância. É no Brasil que constantemente se impõe como substituto ou placebo a mais cínica e deslavada “picaretagem” de pseudodoutos em torno do verdadeiro conhecimento. Talvez os piores “doutos” fajutos sejam os bisnetos de um stalinismo que só “admitem” Eça à maneira férrea de um Eça “engajado mas que depois decaiu”. Nada, ledo engano! São os que os alemães fulminantemente chamam de os “eternamente de ontem”: sua die Ewiggestrigen… Qualquer microrepórter ignato “impõe” sua burrice jurássica diante de peritos conhecedores autênticos da vida e da obra de Eça. Recentemente, um deles “encerrou” o - sejamos misericordiosos - “diálogo” apelando para a arbitrariedade, a empáfia e o tacape do terrorismo cultural de um Komissar da Kultura e da Censura como sendo o temível Jdanov. Ou um Goebbels da Alemanha hitlerista. Isso para não adentrarmos os meandros draconianos dos DIPs (Departamentos de Imprensa e Propaganda) do ditador Getúlio Vargas nem precisarmos mencionar e lembrar exemplos mais recentes da Censura castradora do pensamento em épocas brasileiras mais recentes. A frase com a qual o microrepórter encerrou, bruscamente, o que deveria ser uma aula profícua sobre Eça e sua genialidade acabou com a asnice: “É, o Eça se aburguesou”.

Foi pena que isso acontecesse por três motivos:

  1. A TV Globo dispõe de, no mínimo, uns dez excelentes repórteres.

  2. Ficou no ar a pergunta: ser um boçal reportelho da Globo não é, de certa forma, “aderir à burguesia” sem nenhuma obra insigne própria?

  3. Não é participar de um sistema televisivo iníquo ajudar a manter o monopólio da TV Globo com 80 por cento de sua cobertura de todo o território nacional, feito inédito no mundo civilizado e democrático?

Já na imprensa escrita dobraram os sinos fúnebres quando um “crítico” daqueles presos eternamente ao ontem “concluiu”: “É, o Eça, depois de Os Maias decaiu”. Aplausos ensurdecedores de todos os totalitários!

Ora, quem já teve a felicidade rara de conhecer do Eça pelo menos um ou mais romances ficará deliciado com a pena irônica, sagaz, revolucionária, contundente, sempre elegante e veemente em nossa língua, e simplesmente se recusará a ler Eça por essa cartilha de braile mental. Já dizia Shakespeare, sem correção possível: “O mal que os homens causam persiste longamente depois que eles morrem”. Reconheço, tradução canhestra mas fiel do original: “The evil that men do (ou cause, não me lembro de cor) lives on long after they are dead”. Como é verdade: não renascem hoje as cabeças da Hidra nazista-bolchevique ameaçando o mundo com infindáveis guerras étnicas, religiosas etc.? Invariavelmente, sangrentas e destruidoras da justiça, da liberdade e de todos os direitos humanos, inclusive o direito à sua dignidade? Basta ler a imprensa estrangeira (a brasileira quase sempre omite a parte decisivamente importante dos despachos que recebe do estrangeiro et pour cause…). Basta ver nos canais estrangeiros da famigerada Net (a que mais programas repete): nos Estados Unidos, o Ku Klux Klan (contra os negros, os homossexuais e os brancos que se dão com negros, a sinistra KKK). Lá também, entre os poderosos irmãos do norte da nossa América, há um “partido” dedicado à “salvaguarda” da raça branca: é o White Supremacy (o Partido da Supremacia da Raça Branca). Querem criar um torrão no noroeste dos EUA “livre de negros e de quaisquer miscigenados”. E os grupos aparentemente adormecidos (pero no mucho) dos franquistas na Espanha, os salazaristas em Portugal, os fascistas em conluio com a máfia italiana, os ditadores latino-americanos e os déspotas dos países negros da África e da Iugoslávia, sem esquecer o “candidato” à presidência da República recém-“eleito” pelos nazistas argentinos e Le Pen na França, Jörg Haider na Áustria e os assassinos do “neo”nazismo da Alemanha riquíssima mas oriundos da antiga parte leste, a ex-República - pasmem! - “Democrática” Alemã… Todos os extremos são fascínoras e todos se tocam como extremistas.

Voltando ao nosso luminoso Eça: qualquer pessoa com um QI acima de 5 poderá comprovar, com justiça e sem parti pris, que só Eça ergueu no romance lusitano um painel gigantesco, complexo, fascinante da alta sociedade portuguesa ou lisboeta, tanto faz. Isso num país, Portugal, que em 1880 ainda contava com 80 por cento de analfabetos, e Eça se insurgiu contra esse absurdo culposo.

A não ser Galdós, já mencionado, nenhum autor ibérico traçou perfis psicológicos tão acurados e profundos da servil condição feminina quanto Eça. Essa peculiaridade não se restringia só ao retrato tocante da adorável e desgraçada Luísa, a “adúltera” que seria execrada por uma sociedade “machista” e que jamais teria aceito a igualdade de direitos da mulher. Luísa é vítima do torpe Basílio, um dom-juan janota, vil e afrancesado até na falta de escrúpulos. Esse monstro aproxima-se sorrateira mas certeiramente da Luísa que se alimentava de ler romances de amor tipo água-com-açúcar, a pobre Luísa casada com um marido medíocre e monótono, sem imaginação, mas ferozmente machista, ora pois! Luísa consegue o que mais teme: o pleno gozo sexual e que ela temia que fosse um pecado nefando e a Igreja onipotente a puniria com o inferno eterno. Logo outra fera tomará Luísa como sua presa também, a hedionda empregada crudelíssima e invejosa Juliana, que na “adaptação” da TV Globo “renasceu” como uma criatura boa, como todos e sempre os excluídos são, é lógico, erguendo um altar de “mártir” do capitalismo e até, quem sabe, um defensora da moral e dos bons princípios monogâmicos e machistas, como não? Assim se alteram o conhecimento e o prazer incomparável de ler Eça no Brasil, hélas!

Com igual destemor, Eça combateu feroz e acertadamente, com frases breves ou veementemente longas, os dogmas de uma Igreja mumificada no Portugal de fins do século 19. O Crime do Padre Amaro mostra que ele próprio, o personagem, também é vítima da ausência de vocação para o sacerdócio, já que, no interior do país, sempre foram os banqueiros, latifundiários e padres que deram aos explorados a hóstia que a Igreja confccionava para eles, despossuídos de tudo, mormente na área rural. Essa hóstia adoçava o acordo de uma parte dominante da Igreja com os economicamente poderosos, cerca de talvez 10 por cento da população de Portugal nessa época. Ninguém como Eça - à frente, Antero de Quental, que ele batizara de um “gênio que é um santo” como companheiro de luta - revelou que, além da parte meiga dos românticos, era preciso não fugir da realidade literária e social: jogar fora o lixo que emperrava o país de crescer ou até mesmo de ser, ontologicamente. Poucos, muito poucos viram tão claramente a necessidade de liberar Portugal do jugo multissecular de ser apenas uma mera colônia da Inglaterra e, nas classes ditas “altas”, o arremedo servil de todos os modismos fúteis ou não da merveilleuse Paris, tão inacessível e… tão livre da literatura e das artes!… Eça não se esgotou como grande escritor depois do afresco monumental de Os Maias. Em A Cidade e as Serras, por exemplo, ele foi presumivelmente com Daniel Defoe o primeiro a descobrir a ecologia dos dias de hoje. É quando o entediado milionário Jacinto de Tormes se cansa da frivolidade da tout Paris, do predomínio do mecanismo, a tecnologia da Revolução Industrial daqueles tempos e, ao acudir assuntos urgentes na casa de seus ancestrais nas serras de Tormes, em Portugal, é claro, respira, emocionado, a pureza e o ar revigorante das serras de seu torrão natal e entra em contato já adulto com a bondade e a superioridade moral de muitos habitantes que o acolhem com calor humano e solicitude.

Em 1871, com outros intelectuais insignes, Eça pronuncia uma vibrante palestra na série de Conferências do Cassino Lisbonense, bruscamente proibidas e invadidas pela polícia, a mando do ministro do Reino, o marquês de Ávila e Bolama. Quer dizer: a nata da consciência culta lusitana que queria e lutava por um Portugal moderno, arejado, livre e justo se viu censurada brutalmente pelo monopólio (até da palavra) imposto pela união da Igreja saudosa da Santa Inquisição com tantas alminhas a queimar, ai Jesus! Com os donos de terras imensas e bancos com nomes pomposos (ou não será dessa época, se não me engano, o jocoso Banco do Espírito Santo lisboeta?) e comerciantes. Já que a Inglaterra sempre impedira que Portugal fosse mais do que uma fazenda agrícola, sem indústrias e dependente totalmente da Inglaterra, quase como a Índia de Gandhi. Eça, inclinado para o positivismo francês e para o anarquismo do também francês Proudhon, que bradara sua mantra insistente: “A propriedade é roubo”. Essa era também uma época que veria o terremoto científico de Darwin demonstrar que o homem evoluiu do macaco mais avançado - que horror e que perda de dízimos para tantos! Pois, como sempre, a Igreja Católica é esquizofrênica: a caridade que sua mão direita faz, aliviando tanto o sofrimento dos miseráveis, é desmentida pela sua mão esquerda, retrógrada e agora desesperada a pedir perdão pelo conluio com a escravidão dos africanos, seu favoritismo clar pelo nazismo alemão, anti-semita como ele, pede perdão a Galileu mas mantém o dogma de que só a fé católica é superior sempre a todos os outros credos incluindo a fé “inferior” dos protestantes e da Igreja Ortodoxa greco-russa. O grupo dos “Vencidos da Vida” de Lisboa fotografou Eça nesse meio lúcido português, mas todos do grupo pronunciaram a palavra fatídica: a ética. Até hoje, essa palavra subversiva e perigosa foge dos computadores das big corporations, ou melhor, para sermos claros: as máfias dos países ricos, seis ou sete ou oito que extraem os diamantes da africana Serra Leoa paupérrima à custa de mutilações de braços e pernas da indefesa sociedade civil, os desvalidos. Ou extrai petróleo com lucros astronômicos de países devastados por guerras intermináveis como a Nigéria. Não caia sobre o mundo a desgraça terrível e assutadora de nas próximas eleições americanas vencer o cretino e cruel George W. Bush, filhinho do papai lacaio das grandes empresas petrolíferas, amigo dos super-ricos e contra os pobres, os idosos, os 45 milhões de cidadãos norte-americanos sem direito a nenhum convênio de saúde: “esses” não contam…

Por último, é lícito indagar por quê? Condenado em parte pela Santa Inquisição nazi-soviética de hoje, Eça não deveria ter o direito inalienável de, desiludido com os altos ideais que ele julgara exequíveis, não tinha o direito de voltar sua atenção para o campo metafísico fora de obscurantistas religiosos? Por que ele não poderia, já no final de sua breve vida, escrever vidas de santos e de amor ao Portugal semrpe odiadoamado por ele? Seria fuzilado pelas tropas de Hitler, Mao & Cia.?

Por que ele não se sentiria defraudado em admirar a democracia inglesa? Se a mais poderosa esquadra do mundo naquele tempo, a british, se a democracia não demoronara quando ela ancorar no porto de Lisboa com um ultimato bélico ao país? Ou Portugal abandonava o corredor que unia as colônias portuguesas de Moçambique e Angola, para que os ingleses ali erguessem a Rodésia (atual Zimbábue), ou Lisboa seria arrasada. Sem com isso achar que a colonização na África fosse mais cordial, justa e correta do que a fascínora colonização belga no Congo, evidentemente.

Definitivamente, a lente de qualquer ideologia fanática deforma a visão e a análise de qualquer literatura, menos a panfletária.

Os extremos sempre se tocam: a extrema direita dos nazistas e de Mussolini com a extrema esquerda bolchevique, como a história comprova. Algns exemplos ilustrativos: os judeus ultraortodoxos e outros nem tão ortodoxos, ao se levantar da cama, com a mulher deitada a seu lado, começam sua prece natural agradecendo a Deus por não os terem feito mulheres ao nascer. Ou os Talibans do Afeganistão que querem reduzir a mulher ao analfabetismo e à falta de qualquer direito, reduzida a uma coisa sem valor nem vontade própria, uma coisa pastosa, quase um animal para a reprodução prazerosa do homem e para parir filhos. Será que a Igreja de Roma, na pletora de perdões que vem pedindo ultimamente por todos os seus crimes do passado, admitiria um real progresso entre os católicos? Ou pedirá que aumentem o número de 6 bilhões de seres humanos, mais da metade dos quais vegetam com menos de dois dólares por dia? Propagarão a proibição das proteções contra a Aids, por contato sexual, preferirão que crianças indesejadas levem vidas horrendas nas favelas do terceiro ao nono mundos?

Como Céline, que foi anti-semita e ferozmente antidemocrático, fica, sendo um dos supremos escritores de todos os tempos da literatura européia?

A literatura, por mais repugnante que isso possa parecer, abrange um ponto de vista político, religioso, social às vezes execrável, mas permanece como arte imorredoura: o que fazer? Destrui-la?

Leiam Eça, que é um tesouro de Portugal e do Brasil também. Entrem em sebos, livrarias de segunda mão. E queiram as forças do bem que a Editora Nova Aguilar lance, complementarmente, livros de Eça a preços acessíveis aos brasileiros que não puderam comprar a magnífica opera omnia de Eça tão e por tantos motivos perfeita e nunca suficientemente reunida como agora.

Finalmente: o mais importante é recordarmos, sem sentimentalismos nem pieguices idiotas, que, como disseram coincidentemente, o supremo poeta português Fernando Pessoa e o - em minha opinião - supremo poeta alemão Friedrich Hoelderlin: “Die Sprache ist die Heimat”. Ou: “A pátria é nosso idioma”.

Neste mundo bestialmente “globalizado” por meia dúzia de países ricos e famintos de lucros, crocodilos pérfidos e letais: a língua falada, escrita e lida por um povo é também uma arma vital e contundente de resistência às plurais hegemonias hodiernas. É uma forma de bradarmos, com brio e dignidade valente: “Não!” à tentativa de nos quererem transformar em escravos e numa massa falida e viscosa, sem forma nem humanidade, a que nos querem reduzir. Uma dessas melhores armas é: mãos à obra de Eça, por hoje.

Para novatos e veteranos para conhecimento de Eça de Queirós: a melhor biografia de Eça se chama Eça de Queirós - Vida e Obra, do magistral crítico português, que também deixou uma extraordinária biografia de Fernando Pessoa, João Gaspar Simões. De 1945, devem estar esgotadas, mas nos sebos devem existir ainda exemplares dessas magníficas e sumamente inteligentes biografias luminosas dos dois maiores gênios da literatura portuguesa.

Há um site, o da Comissão Nacional para o Centenário da Morte de Eça de Queirós, acessível através do endereço da Biblioteca Nacional de Lisboa, www.bn.pt. É só clicar este ótimo acesso a quase tudo que existe sobre Eça. Computadores prontos!

Reuso

Citação

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Por favor, cite este trabalho como:
Gilson Ribeiro, Leo. 2022. “Eça de Queirós: cem anos de sua morte .” In Redescobrindo Portugal: Perfis e depoimentos de alguns escritores portugueses, edited by Fernando Rey Puente. Vol. 6. Textos Reunidos de Leo Gilson Ribeiro. https://doi.org/10.5281/zenodo.8368806.